sexta-feira, 23 de julho de 2010

AUSÊNCIA


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade

O PESO QUE A GENTE LEVA


Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

Por Pe. Fábio de Melo

domingo, 18 de julho de 2010

EXPECTATIVAS


Expectativas??? O quanto elas nos fazem bem? As vezes me pergunto. E não consigo obter uma resposta consistente.

Ultimamente, prefiro não criar nenhuma espécie de expectativa, seja ela voltada para o profissional, pessoal ou até mesmo nos relaciomentos. Entretanto, isso não quer dizer que não busco e invisto no que quero com determinação.

Mas, acredito que quando deparamos com uma situação sem esperarmos tanto dela, sem aquele monte de pensamentos, podemos viver com muito mais emoção e saborear a vida com plenitude. Assim, podemos curtir muito mais os momentos que a vida nos proporcionam, sejam eles, curtos ou duradouros.

Muitas vezes quando pensamos, criamos, esperamos muito algo, e por algum motivo não acontece, o sentimento da decepção nos tomam conta. Então, o que você prefere? Acredite você pode escolher como se sentir.

Programar tudo, andar sempre na linha? E se decepcionar...

Ou ser surpreendido.. Que por sinal é uma sensação deliciosamente agradável!!!

Deixaremos para refletir sobre isso em um outro texto!

Obrigada!

RECEITA DE ALEGRIA

Jogue fora todos os números não essenciais para tua sobrevivência.

Isto inclui: idade, peso e altura. Que eles preocupem ao médico. Para isto o pagamos.

Conviva, de preferência, com amigos alegres.

Os pessimistas não são convenientes para ti.
Continue aprendendo.

Aprenda mais sobre computadores, artesanato, jardinagem, qualquer coisa.

Não deixe seu cérebro desocupado. Uma mente sem uso é oficina do diabo. E o nome do diabo é “Alzheimer”.

Ria sempre, muito e alto. Ria até não poder mais. Inclusive de você mesmo! Quando as lágrimas chegarem: aguente, sofra e siga adiante.
Agradeça cada dia que amanhece como uma nova oportunidade para fazer aquilo que ainda não tiveste coragem de começar.

Do princípio ao fim. Prefira novos caminhos do que voltar a caminhos mil vezes trilhados.
Apague o cinza de tua vida. E acenda as cores que carregas dentro de ti.
Desperte teus sentidos para que não percas tudo de belo e formoso que te cerca.
Contagie de alegria ao teu redor, e tente ir além das fronteiras pessoais a que tenhas chegado aprisionado pelo tempo.

Porém lembre-se: a única pessoa que te acompanha a vida inteira é você mesmo.

Cerque-se daquilo que gosta: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, seja o que for. O lar em você vive é seu refúgio, porém não fique trancado nele.

Seu melhor capital, a saúde. Aproveite-a se é boa, não a desperdice; se não é, não a estrague mais.
Não se renda à nostalgia. Saia à rua. Vá à uma cidade vizinha, a um país estrangeiro.
Porém não viaje ao passado porque, dói!

Diz aos que ama, que realmente os ama e faça isso em todas as oportunidades que tiver. E lembre-se sempre que a vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos momentos que teu coração palpitou forte: de muito rir, de surpresa, de êxtase, de felicidade e sobretudo, de amar sem medida.

“Há pessoas que transformam o sol em uma pequena mancha amarela, porém há também as que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.”

Pablo Picasso